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DOCUMENTOS PARA MATRÍCULA         EDUCAÇÃO INFANTIL
 

Documentos do aluno:

2 Fotos 3x4 do aluno

Xerox da certidão de nascimento

Xerox da Carteira de Vacinação

 

Documentos dos responsáveis:

xerox  do comprovante de residência

Xerox do RG . CPF

 

Documento Escolar:

declaração de quitação financeira da escola anterior

 

DOCUMENTOS PARA MATRÍCULA
      ENSINO FUNDAMENTAL

Documentos do aluno:

2 Fotos 3x4 do aluno

Xerox da certidão de nascimento

Xerox da Carteira de Vacinação

 

Documentos dos responsáveis:

xerox  do comprovante de residência

Xerox do RG . CPF

 

Documento Escolar:

declaração de quitação financeira da escola anterior

transferência escolar

NASCIMENTO DE UMA ESCOLA WALDORF

 

 

O nascimento de uma Escola Waldorf tem sua origem no profundo comprometimento 

de um ou mais indivíduos aos ideais da educação Waldorf.

 

Esse comprometimento pode surgir ao visitar uma escola,

ao ler um livro sobre a educação Waldorf ou

através de uma palestra inspiradora. 

 

 

                    Os ideais da educação geram entusiasmo, e um indivíduo ou um pequeno grupo pode dizer,

                                   “Esta comunidade precisa de uma Escola Waldorf e eu vou trabalhar para isso!"

 

Esse entusiasmo, esse momento de concepção, acontece de várias formas.

 

É sempre interessante ver o histórico de uma escola e descobrir quem primeiro concebeu a imagem da escola e sob quais circunstâncias ela surgiu. 

 

Fases do Desenvolvimento da Escola Waldorf.

 

“Um problema da nossa época é não saber que existem princípios para construir forças sociais e forças ligadas à sociedade tão coesas quanto as leis da mecânica.”- Rudolf Steiner.

 

1. Esta descrição do desenvolvimento de uma escola apresenta um panorama geral das fases características no ciclo de vida de uma Escola Waldorf.

 

2. Ela tem o objetivo de fornecer uma perspectiva ou orientação para auxiliar professores, administradores, pais e membros da Diretoria a desenvolver sua escola de forma consciente. O panorama apresentado de forma alguma procura negar a singularidade da biografia de cada Escola Waldorf, mas apontar em direção a questões e assuntos característicos que existem na

história de vida da maioria das escolas.

 

3. Na base desta descrição do ciclo de vida das Escolas Waldorf está uma série de princípios.

 

De acordo com o primeiro princípio, todas as instituições são criações humanas; elas são criadas por pessoas com uma idéia em resposta a uma necessidade identificada. No caso das Escolas Waldorf, essa necessidade é a percepção de que as crianças de uma dada comunidade ou região querem a educação Waldorf.

 

O segundo princípio é que as escolas e, na verdade, todas as organizações, são entidades vivas, com fases de adaptação, crescimento, crises e desenvolvimento.4 Isso significa que metáforas orgânicas, tais como semente, caule, botão e flor, ou nascimento, infância, fase adulta e

velhice, são mais importantes à biografia das escolas do que imagens mecânicas, como as de um sistema de entrada e saída, o mecanismo de um relógio ou um de motor potente. Ao criarmos uma escola, nós realmente estamos criando um ser vivo, cujo destino nós desconhecemos, mas que requer nosso amor e compromisso contínuo para florescer.

 

Um terceiro princípio, aquele que eu considero fundamental, é que não existe uma única estrutura certa para todas as Escolas Waldorf. Existem, claro, princípios importantes na formação de uma Escola Waldorf, como a idéia de uma instituição colegial ou de fases

no ciclo de vida de uma escola. Porém, em última análise, cada grupo de professores, pais, crianças e amigos deve desenvolver estruturas particulares que possam, da melhor forma, expressar suas intenções. Uma conseqüência desse princípio é que as estruturas

da escola devem ser desenvolvidas e alteradas ao longo do tempo a fim de refletir novas aspirações humanas e espirituais.

 

Trabalhar com esses princípios leva a uma apresentação de problemas característicos e questões de desenvolvimento e não a respostas específicas. Dúvidas geram conscientização, e conscientização é o que determina as estruturas sociais que criamos e quão bem trabalhamos dentro delas.

 

Um fundador leu o nome de Rudolf Steiner em um livro enquanto estava no avião. Ele então encomendou várias palestras de Rudolf Steiner e ficou impressionado com aquelas dadas aos professores e decidiu, então, abrir uma escola para crianças inglesas nos 

Estados Unidos em plena Segunda Guerra Mundial. Essa escola mais tarde tornou-se a Kimberton Waldorf School. Em outra situação bem comum, um grupo de futuros pais se encontrou em uma apresentação sobre a Educação Waldorf; começou a estudar o livro de A.C. Harwood intitulado The Recovery of Man in Childhood (A Recuperação do Homem na Infância) e decidiu abrir uma escola.5 Outra experiência comum na fundação das Escolas Waldorf é quando um professor Waldorf treinado se muda para uma comunidade e resolve abrir uma escola, como é o caso da Pine Hill Waldorf School em Wilton, New Hampshire. 

 

Após o momento da concepção vem um período de gestação ou gravidez, no qual um ou mais indivíduos estão andando em círculos com uma idéia na cabeça. A duração desse período de gestação varia. A Toronto Waldorf School teve um longo período de preparação; outros grupos de escola começam um jardim de infância após apenas um ou dois anos de preparação. Durante esse período de preparação, são organizadas palestras, “workshops” e eventos, e o mundo é informado sobre a iniciativa, sobre a criança que se espera trazer ao mundo. Às vezes, esse processo é amedrontador, envolvendo muitas questões de foro interno e externo. Questões importantes a serem consideradas são: 

 

  •  Quem está realmente comprometido com a escola? 

  •  Qual o nosso entendimento da educação Waldorf e da antroposofia? 

  •  De quanto precisaremos? 

  •  Quais são as estruturas jurídicas apropriadas? 

  • Devemos criar uma Associação das Escolas Waldorf como uma organização sem fins lucrativos ou será particular? 

  •  Como encontramos um professor Waldorf treinado ou experiente? 

  •  Como saberemos quando começar? 

  •  Onde será a escola? 

 

Estas e outras questões requerem atenção consciente antes que o jardim de infância ou a escola abra suas portas. Um aspecto fundamental é saber se existe a intenção de desenvolver um jardim de infância e uma escola ou apenas um jardim de infância. 

 

Desenvolver um jardim de infância e uma escola ao mesmo tempo ou em um curto espaço de tempo possui muitas vantagens, mas exige um comprometimento maior e mais fundamentado. Igualmente importantes são as questões envolvendo o motivo. O grupo que teve a iniciativa consiste principalmente de pais que querem a escola para seus próprios filhos? O que acontece quando a escola ou jardim de infância demora um ano ou dois a mais para se desenvolver do que o tempo inicialmente estimado? É essencial que exista um grupo principal de pessoas cujo comprometimento esteja além do seu interesse pessoal imediato. 

 

Outra questão é saber se os recursos reais ou estimados são suficientes. O número de crianças é suficiente para abrir com a primeira série e acrescentar outra série a cada ano? A região possui uma população apropriada para manter a escola?  Trabalhando com escolas muito novas ou com grupos com intenção de abrir escolas, eu descobri que as sete questões desenvolvidas pelo meu colega Tÿno Voors são de grande ajuda. Elas fornecem um tipo de “checklist” para esclarecimento e podem ajudar os grupos da nova escola ou outras novas iniciativas a evitar muitas das dificuldades que novos empreendimentos enfrentam nos seus primeiros anos de existência. 

 

Os grupos da nova escola são geralmente mais fortes em certas áreas do que em outras. Um grupo possui tino para relações públicas, outro para a construção de uma comunidade, um terceiro tem conhecimento financeiro e administrativo. Trazer tanto os pontos fortes quanto os fracos à consciência logo no começo da empreitada pode ser uma verdadeira ajuda. 

 

Há alguns anos, eu visitei uma nova escola que havia ambiciosamente iniciado com um jardim de infância e várias séries ao mesmo tempo. Era uma tarde quente e alguns membros do novo Corpo Docente e da Diretoria estavam discutindo o próximo ano escolar. Pareceu-me que as projeções quanto às matrículas e à renda eram bastante otimistas. Quando um membro do novo Corpo Docente perguntou se eles poderiam realmente acreditar que seriam pagos no primeiro dia de cada mês, foi-lhe assegurado que tudo daria certo. Eu não estava tão certo disso e, na minha opinião, havia ali muito entusiasmo e esperança, porém, pouca experiência na luta para fazer as finanças funcionarem. No ano seguinte, minha preocupação se tornou realidade à medida que a escola cortou salários e abandonou algumas séries. 

 

Após o período de gestação, vem o momento excitante do nascimento, quando a escola ou jardim de infância abre suas portas e as crianças chegam pela primeira vez. Este é um momento muito importante na biografia de todas as instituições e deveria ser celebrado de forma condizente. Deveria ser preparada uma cerimônia de inauguração, uma comemoração de aniversário, em que os professores, pais, crianças, amigos e visitantes pudessem participar. Dessa forma, convida-se tanto o mundo visível quanto o invisível para abençoar e dar apoio ao que foi inaugurado. 

 

Se a nova escola florescer, ela entra em um período análogo ao da infância, vibrante, excitante e, claro, cheio de surpresas. É um período de altos e baixos; de variações de humor e crises. “Teremos dinheiro suficiente para pagar os salários?” Por outro lado, é também um período abençoado, de ajuda inesperada. Eu me lembro de estar sentado junto a outros pais em uma nova escola na área de Boston, que se tornaria a Waldorf School em Lexington, imaginando como poderíamos cobrir os salários do próximo mês, quando apareceu uma doação anônima de $2.000. 

 

Geralmente, as pessoas cultivam um alto grau de motivação e muito entusiasmo em relação à nova escola porque elas estão participando de um maravilhoso processo criativo. Primeiro, havia uma idéia, posta em prática por algumas pessoas; sem crianças, professores, dinheiro ou prédio. Ver um sonho gradualmente tornar-se realidade é maravilhoso, ainda que seja uma experiência exaustiva. 

 

À medida que a nova escola cresce, ela manifesta uma série de qualidades características comuns a outras novas iniciativas. 

 

- Ela geralmente é de pequeno a médio porte – um jardim de infância e algumas séries ou, talvez, até a sexta série.

 

- Ela possui uma estrutura organizacional simples e informal, com pouca hierarquia. 

 

- A liderança na escola é pessoal, direta e informal. Os novos professores e novos pais podem demorar um pouco para se adaptarem, pois existe um estilo pessoal de fazer as coisas. Se uma pessoa não gostar desse estilo ou das personalidades daqueles que estão no grupo de comando, seguem-se, freqüentemente, dificuldades sociais. 

 

- A tomada de decisão é muito mais intuitiva do que analítica. As coisas são decididas mais com base em pressentimentos ou sensações do que por meio de longas análises. As contratações são baseadas na sensação de que tal pessoa vai se encaixar e aquela não. 

 

- A jovem escola possui uma atmosfera familiar. Todos contribuem dentro das suas possibilidades, e a maioria dos professores, dos membros da equipe e das famílias tem um forte sentimento de lealdade em relação à escola e de camaradagem mútua. 

 

Posteriormente, esse sentimento de coesão informal se dissipa e as pessoas conversam longamente sobre os velhos tempos, de quando pintaram as salas de aula juntos, dos intermináveis finais de semana preparando um evento ou do esforço para conseguir dinheiro suficiente para comprar mesas. 

 

- Os objetivos e a direção da nova escola estão amplamente implícitos – dentro das mentes e corações do grupo de professores e pais. Isso não quer dizer que a educação Waldorf não é discutida, mas que a verbalização em detalhes dos muitos aspectos sobre 

que tipo de Escola Waldorf ela será é corretamente vista como desnecessária. Seria um pouco como pedir a uma criança de sete anos que lhe dissesse com precisão o que ela será quando crescer. 

 

Essa fase da infância na vida de uma escola é excitante, um tanto insegura e muito criativa. É um período em que algo é desenvolvido a partir de uma idéia e que, aos poucos, se torna uma escola com crianças, professores, prédio e parquinho. Uma criança está, de fato, sendo trazida ao mundo, uma criança com uma personalidade única e cheia de potencial. Muitas vezes, tem-se a sensação de estar sendo ajudado, como se um ser espiritual desejasse ter uma moradia na terra e estivesse fazendo de tudo para que isso fosse possível. Eu acredito que este é, de fato, o caso e que desenvolver uma escola é um processo de dar corpo ou forma a um ser espiritual prestes a entrar na evolução terrena. Conseqüentemente, a razão e os objetivos dos fundadores da escola e seu próprio embasamento na pedagogia Waldorf são importantes para determinar que tipos de seres espirituais estão sendo evocados. Sob essa perspectiva, a infância, ou a fase 

inicial de uma escola, é o período em que o primeiro lar, ou corpo físico da escola, é criado. 

 

 

Da mesma forma que as crianças são acometidas por doenças infantis, as novas escolas enfrentam desafios e dificuldades análogas aos surtos de doenças. Elas raramente são fatais e podem fortalecer a escola se forem trabalhadas. Algumas das doenças infantis

mais comuns das novas Escolas Waldorf são as seguintes:

 

· O pioneiro ou padrinho(madrinha) deseja uma Escola Waldorf, ajuda a fundá-la e financia, em parte, a iniciativa, mas não está existencialmente envolvido(a). A ajuda, muitas vezes, impõe algumas condições, e a pessoa pode querer controlar as contratações e o desenvolvimento da escola. Embora os motivos sejam geralmente positivos, a não ser que a pessoa realmente trabalhe na escola e aos

poucos abra mão de sua autoridade para um grupo de professores e diretores, seguem-se infinitas dificuldades.

 

- A colher de ouro é uma dificuldade parecida. Se uma ou mais pessoas financiam uma iniciativa, automaticamente cobrindo seus déficits, então a escola nunca precisa divulgar seu objetivo e buscar apoio de um grupo maior de pais e membros da comunidade. Essa situação é análoga a ser excessivamente mimado – ela estraga o indivíduo e faz com que ele não enfrente a realidade.

 

· A “Escola Waldorf perfeita” e superplanejada, onde tudo é tão planejado que a realidade da escola e suas necessidades nunca são vistas ou ouvidas. Esse tipo de direção cria uma escola incapaz de responder às necessidades e enxergar as oportunidades, uma escola rígida e ideológica demais para ter um diálogo vivo com as crianças, os pais e o ambiente.

 

· O oposto da “Escola Waldorf perfeita” é uma nova escola onde o desprendimento com a Educação Waldorf é tal que ela se torna uma escola alternativa, buscando suprir os anseios de uma comunidade de pais muito diversa. Mais cedo ou mais tarde, isso cria uma atmosfera onde ninguém está feliz, pois cada grupo possui uma idéia diferente sobre como a escola deveria ser.

 

· A síndrome do lar perfeito, onde o grupo de uma jovem escola encontra o local perfeito, apropriado para os próximos sete anos, mas que é caro demais. O grupo gasta toda sua energia humana e financeira no local antes que a escola seja efetivamente formada.

 

. A divisão equilibrada de responsabilidade na vida de uma escola é uma das áreas de conflito mais comuns que surgem à medida que a escola cresce. Se a escola foi iniciada por um forte grupo de pais, não é preciso dar a um grupo de professores responsabilidade por todas as áreas da pedagogia, inclusive pelas contratações. Se a escola foi iniciada por professores, o desafio está em criar um grupo ou associação de pais com real envolvimento nas áreas de finanças, publicidade, ação comunitária e uma série de outras áreas de apoio à educação.

Em todos os casos, é uma questão de aprender a dividir as responsabilidades pelo bem-estar da iniciativa.

 

À medida que estas e outras dificuldades de desenvolvimento forem transpostas, a escola crescerá em força e tamanho. Acima de tudo, ela começará a sentir como se estivesse aqui para ficar. Os dramas iniciais envolvendo o número de matrículas, recrutamento de professores e déficits financeiros ainda surgem, porém, não se tem a sensação de que representam ameaças de morte. De fato, após cinco, seis, sete anos ou mais, existe um sentimento de continuidade, de crescimento e confiança.

 

 

 

Um Checklist de Dúvidas e Problemas para Novas Escolas Waldorf

 

1. Reconhecendo a Visão 

 

Qual o nosso conceito, nossa visão para esta escola?

Temos uma imagem em comum?

O que esperamos realizar?

Como nos relacionamos com a Educação Waldorf e a Antroposofia?

Quais mudanças a escola trará para a nossas vidas, as vidas das nossas crianças e para a comunidade?

 

2. Atendendo uma Necessidade

 

Existe a necessidade de uma Escola Waldorf na nossa comunidade? Como reconhecemos isso?

Existe número suficiente de crianças e pais interessados na Educação Waldorf?

Quais necessidades e aspirações a comunidade manifesta em relação à educação?

O que essas manifestações de interesse dizem sobre as oportunidades e limitações que enfrentamos ao iniciar uma Escola Waldorf ?

 

3. Formulando uma Direção

 

Qual será o nome da escola?

Qual imagem da escola desejamos promover e concretizar dentro de dois a três anos?

Quais atividades iremos promover nos próximos anos para manter e sustentar a escola?

Que tipo de folheto devemos ter?

 

4. Comprometimento das Pessoas

 

Quem está comprometido com a iniciativa e por quê?

Quem faz parte do grupo de iniciativa e com quem se poderá contar na longa jornada?

Quem são os mantenedores?

A comunidade em geral foi informada sobre a escola e a incentiva?

Existe apoio financeiro?

 

5. Organizando nosso trabalho Junto

 

Quais são as estruturas jurídicas certas para nós?

Como iremos organizar a escola, a associação, a Diretoria, o Corpo Docente e o grupo de pais?

Quem tomará quais decisões e como as decisões serão comunicadas entre os vários grupos?

Como iremos nos relacionar com os mantenedores, membros da Diretoria, pais e a comunidade?

Quais medidas financeiras nós tomaremos em relação à renda da escola e aos salários?

 

6. Atividades de Trabalho

 

Quais são as principais atividades necessárias na escola: ensino, secretaria, relações públicas, obtenção de recursos, etc.?

Quais são nossas prioridades?

Quem as executará?

Como serão coordenados os trabalhos e por quem?

O que consideramos trabalho voluntário e trabalho remunerado?

 

7. Encontrando Instalações e Recursos

 

De que tipo de prédio e equipamento necessitaremos agora e daqui a três a cinco anos?

Que tipo de ambiente desejamos criar para as crianças e os professores?

Temos um orçamento?

Nossa intenção é construir uma escola nova ou comprar uma já existente?

Como iremos lidar com o habitual déficit operacional?

Existe um comitê de desenvolvimento e obtenção de recursos?

Temos um plano de desenvolvimento para o futuro?

 

 

 

 

 

Fase Adulta: Diferenciação com Clareza

 

O desafio nesta fase do desenvolvimento de uma escola é como obter mais clareza e melhor divisão de responsabilidade para que uma organização maior e mais complexa possa crescer. Nos primeiros anos, o fundamental era começar e sobreviver. Agora, o desafio permeia a vida da escola com uma nova consciência que permite uma maior diferenciação funcional sem sacrifício da criatividade e do comprometimento individual. Eu acredito que alcançar esse equilíbrio e entrar em um processo sadio de diferenciação significa dar atenção a uma série de elementos interconectados, alguns dos quais foram abordados. Uma necessidade importante para uma escola neste estágio

de evolução é renovar sua identidade e objetivo, desenvolvendo uma visão compartilhada do futuro e uma missão clara. Isso significa um diálogo renovado com o objetivo original, com o espírito da escola. Qual era nossa visão original e qual é nossa visão atual? Desejamos desenvolver uma Escola Waldorf integral, K-12 ou apenas K-8? 

 

Neste estágio, não basta dizer que queremos uma Escola Waldorf, mas que tipo de Escola Waldorf, com quais qualidades e em quais bases?

 

Envolver o Corpo Docente, a Diretoria, pais e amigos em uma discussão mais profunda sobre o futuro pode convergir a força de vontade e gerar entusiasmo em relação ao trabalho que precisa ser realizado. Além da visão do futuro e da declaração da missão, o Corpo Docente e a Diretoria da escola precisam ser mais claros em relação às políticas a fim de dividir e delegar responsabilidades. À medida que as escolas chegam a este estágio de desenvolvimento, os comitês proliferam e freqüentemente não lhes é permitido realmente trabalhar, pois o

grupo de professores quer estar envolvido em todas as decisões. Isso não ocorre por mal, mas pelo fato de os comitês não terem acesso a políticas claramente expressas em relação às questões que afetam a vida da escola. Políticas são declarações sobre valores e devem ter o apoio total do Corpo Docente e, em muitos casos, da Diretoria. Por exemplo, qual é a base para os salários dos professores? Um professor experiente com treinamento Waldorf é uma prioridade? É parte da política de contratação de professores indagar sobre a relação com a Antroposofia? Qual a política em relação a bolsas de estudo, expulsões e uso de drogas? Existe uma política clara sobre avaliação e

desenvolvimento dos professores? Cada uma dessas áreas requer julgamento de valor.

 

Se esses julgamentos não forem discutidos, acordados e incluídos nas políticas, um comitê não possui base para ação. Na minha opinião, a falta de políticas claras diminui a vitalidade e a vida de muitas Escolas Waldorf, posto que dessa forma os comitês não podem trabalhar, e as reuniões do Corpo Docente e o grupo de professores são obstruídas por uma série de detalhes que limitam o trabalho pedagógico e espiritual.

 

Conforme mencionado, um princípio importante nesta fase do desenvolvimento da escola diz respeito a atribuir tarefas claras aos comitês e às pessoas.  Se as políticas foram estabelecidas, então a função, o mandato e as responsabilidades de divulgação dos comitês podem ser definidos e uma forma de liderança republicana exercida. Os tipos de comitês a seguir são comuns na maioria das escolas formadas:

 

Corpo Docente:                                                                                           Diretoria:

Comitê Pedagógico                                                                                    Finanças e Orçamento

Matrículas                                                                                                   Auxílio-Educação

Contratação e Avaliação dos Professores                                               Planejamento de Longo Prazo

Festivais e Eventos Especiais                                                                    Desenvolvimento

Comitê Administrativo

 

 

A Liderança Republicana, porém, requer confiança ou, pelo menos, a disciplina para deixar que outros executem uma tarefa de forma diferente de você. Isso vai contra o impulso democrático de estar envolvido em tudo. É bom lembrar que os “Founding Fathers in the United States”, na sua sabedoria, estabeleceram uma constituição baseada nos princípios republicanos de delegação de poderes e  responsabilidades.

Em algumas reuniões de professores da quais participei, olhei a agenda e vi uma série de questões que deveriam ter sido trabalhadas pelos comitês – tais como cronogramas de férias e segurança no parquinho.

 

Outro aspecto da necessidade de especialização das funções e clareza das relações estruturais é definir os papéis e as relações dos principais órgãos de decisão na vida da escola. Isso inclui o Grupo de Professores ou Conselho Docente, o conselho administrativo, a Assembléia de Professores, o Conselho de Administração e a Associação de Pais e Professores. Esclarecer as relações entre pais e professores é uma parte importante dessa tarefa. Em muitas Escolas Waldorf, não foi dada atenção suficiente à qualidade das relações entre pais e professores, o que leva a muitos malentendidos e conflitos. Não é certo falar sobre “professor dirigindo escolas” sem que haja clareza sobre como todos os membros da comunidade escolar são responsáveis e prestam conta entre si, o que tem sido fonte de muitos mal-entendidos desnecessários nas Escolas Waldorf.

 

Uma outra dimensão da fase de diferenciação na vida de uma escola é a necessidade de mudança nos estilos de liderança e tomada de decisão. Em muitas escolas novas, a liderança é pessoal e as decisões são tomadas por intuição, com base em um tipo de pressentimento. À medida que a escola cresce, a liderança precisa estar mais funcionalmente associada às áreas de conhecimento e responsabilidade. É necessário que as pessoas assumam diferentes responsabilidades de liderança com base na competência e não no querer. O princípio do voluntariado é apropriado nos primeiros anos de vida de uma escola, mas deixa de funcionar quando ela já está bemestabelecida.

 

O presidente da Diretoria, o Tesoureiro da escola, os Presidentes do Corpo Docente e do Grupo de Professores deveriam, por exemplo, ser escolhidos com base no conhecimento da função e nas qualidades pessoais e habilidades dos potenciais eleitos para o cargo. A melhor maneira de escolher as pessoas com base na competência é elaborar critérios para o cargo no Corpo Docente ou na Diretoria e, então, pedir que um comitê de nomeação indique o nome de um candidato. Um erro comum que as escolas comentem é escolher um presidente bastante sincero, um “líder”, mas que na prática não possui uma forte capacidade de facilitação e processamento.

 

Ao mesmo tempo, as tomadas de decisão requerem maior racionalidade e conscientização. Tanto a liderança como a tomada de decisão serão desenvolvidas ao longo do tempo, porém, a transição é geralmente difícil, pois as pessoas acostumadas à abordagem mais livre e menos definida dos primeiros anos ressentem-se com a abordagem mais racional e, às vezes, mais “burocrática” da fase de diferenciação.

Caso as necessidades mencionadas acima de visão renovada, políticas mais claras, estruturas diferenciadas e sistemas de comitê, bem como um estilo transformado de liderança e tomada de decisão, forem satisfeitas, então a escola pode entrar em um processo sadio de diferenciação, no qual novas estruturas são equilibradas por uma consciência nova, mais “administrativa”. Porém, muitas Escolas Waldorf

conscientemente evitam abordar essas questões administrativas, seja devido a uma experiência organizacional limitada ou porque os professores não têm tempo, energia ou disposição para enfrentar esses tipos de questões. Da mesma forma que o início da fase

adulta requer uma consciência diferente da adolescência, também a complexidade de uma escola em crescimento requer uma maior consciência organizacional. 

 

Quando a escola entra na fase de diferenciação, como ocorreu com muitas Escolas Waldorf, ela manifesta algumas das, ou todas as, seguintes qualidades:

 

1. Maior tamanho e complexidade.

2. Políticas e procedimentos mais claros.

3. Estruturas diferenciadas, com um sistema de comitê claro.

4. Um maior nível de conhecimento e maior especialização e profissionalismo nas

áreas administrativas.

5. Mais liderança funcional, com maior divisão de responsabilidade.

6. Tomadas de decisão mais racionais.

7. Maior clareza das atividades de trabalho.

 

Pode-se ver a escola como um ser vivo que requer a manutenção de três diálogos para sua saúde. O primeiro diálogo é com o espírito, com os ideais da Educação Waldorf e com o ser espiritual da escola. O segundo diálogo necessário é com o ambiente humano e social, com os pais, as crianças, os amigos e a comunidade. O terceiro diálogo é com a terra, as finanças, administração, prédios e terrenos. O enfoque administrativo da fase de diferenciação enfatiza o diálogo com a terra, e essa ênfase deve ser conscientemente equilibrada, dando-se atenção aos ideais espirituais e às relações humanas.

 

A fase da diferenciação pode permanecer por muitos anos na vida de uma escola. Sua ênfase na clareza e racionalidade sugere que este período é análogo ao início e meio da fase adulta.

 

As limitações de longo prazo de uma fase administrativa, quando atenção e conscientização estiverem apropriadamente voltadas para o interior, são muito visíveis para as pessoas que trabalham em grandes empresas ou órgãos públicos. Mas, elas também se manifestam em Escolas Waldorf mais antigas, em hospitais e em outras instituições menores, mas bem-estabelecidas. O peso do passado e da tradição, a

quantidade de reuniões, a falta de objetivo e liderança, a falta de inovação e um crescente sentimento de mediocridade são as principais preocupações. Estar bemestabelecido e, em muitos casos, muito seguro, é como se a escola estivesse vivenciando um tipo de crise de meia idade, em que a busca por um novo sentido e uma nova forma de se trabalhar se torna fundamental. Geralmente, parte da crise da fase administrativa nas Escolas Waldorf resulta do fato de um mesmo grupo de professores estar junto há tanto tempo que eles deixaram de ser criativos uns com os outros, ou do fato de os professores mais inovadores terem deixado a escola e aqueles com menos iniciativa.

 

Maturidade: Uma Comunidade Consciente de Aprendizado, Encontro e Servir

 

Bernard Lievegoed refere-se à terceira fase principal da vida de uma escola ou de uma organização espiritual como um período de florescimento. Eu acredito que para que esse florescimento aconteça, três grandes desafios da escola precisam ser vencidos, caso a escola evite os perigos da mediocridade e declínio. Esses desafios são agora são mais internos do que externos. Geralmente, a escola será proprietária dos seus prédios, terá um número razoável de alunos matriculados e um certo grau de estabilidade financeira.

 

Ela também terá desenvolvido tradições e hábitos, que são ao mesmo tempo ativos e passivos.

 

O primeiro desafio é tornar-se uma comunidade de aprendizado consciente. Uma cultura de aprendizado corre o risco de estar devotada ao conhecimento adquirido no passado e dividir esse conhecimento com os outros. Isso realmente é essencial, porém, ao longo do tempo, podemos nos acomodar e nos fecharmos a novas questões. Podemos até mesmo nos ressentir pelo fato de outras Escolas Waldorf trabalharem com o currículo escolar ou com os adolescentes de forma diferente da nossa. A primeira parte do processo de tornar-se uma comunidade de aprendizado consciente envolve aprofundar o trabalho espiritual, meditativo e pedagógico dos professores. Podemos trazer à  consciência e podemos compartilhar e renovar nosso comprometimento com o caminho do desenvolvimento interior individual e com os princípios da Educação Waldorf? As reuniões do Corpo Docente e do Grupo de Professores podem dedicar um tempo para que os professores possam explorar com os outros o que está e o que não está funcionando para eles? É muito importante fortalecer e incentivar as meditações conjuntas dos professores durante as reuniões.

 

Uma parte do processo de tornar-se uma comunidade de aprendizado consciente é implementar um plano de desenvolvimento profissional consciente para todos os professores e equipe. Pode a escola todos os anos pedir a cada professor e membro da equipe trabalhando em período integral que desenvolva um plano de desenvolvimento profissional e pessoal no qual os objetivos de desenvolvimento individual e profissional sejam externados e compartilhados? Esses objetivos poderiam ser rapidamente compartilhados nas reuniões do Corpo Docente ou do Grupo de Professores e trabalhados com mais detalhes com o comitê de pessoal.

 

Questões a serem consideradas:

 

Quais as  qualidades pessoais (talvez, mais paciência e maior disciplina interior), quais as qualidades sociais (melhor capacidade como ouvinte e de facilitação) e quais as habilidades profissionais de ensino (melhorar os desenhos no quadro negro, maior facilidade para cantar ou um maior senso de disciplina) que eu quero desenvolver este ano. As visitas de professores-mestres e a participação em conferências e

workshops profissionais teriam, assim, um enfoque de desenvolvimento e ensino consciente e integrado.

 

Outro aspecto envolvido no processo de tornar-se uma comunidade de aprendizado consciente é desenvolver um processo consciente de ensino e avaliação para todos os órgãos da vida da escola. Como todas as atividades de desenvolvimento requerem esforço extra e conscientização, talvez um grupo de ensino poderia ser estabelecido para coordenar e estimular a atividade. Esses grupos têm um processo consciente de aprendizado e revisão? Uma boa medida é fazer uma breve revisão ou avaliação de cada reunião. Alcançamos nossos objetivos? Qual era o espírito da nossa reunião, como foi falar e ouvir? Isso não precisa tomar mais do que cinco minutos, porém, precisa ser

conscientemente variada a fim de evitar o tédio e a rotina. A cada semestre pode ser estabelecida uma avaliação mais longa. Como o Comitê de Finanças está funcionando? 

 

Quais os pontos fortes e fracos da reunião entre o Corpo Docente e a equipe? O que podemos fazer para melhorar as coisas? Isso se aplica à Diretoria, à Associação de Pais, ao Corpo Docente e à equipe. Assim, todos os anos, talvez após o fechamento da escola, um Fórum de Aprendizado poderia ser convocado para avaliar as realizações e limitações do ano. Pais, Diretoria, amigos, Corpo Docente e equipe poderiam participar de um tipo de festival de aprendizado em que diferentes aspectos da vida da escola poderiam ser explorados para o aprendizado e melhoria.

 

Em qualquer tipo de esforço de aprendizado, o objetivo não é culpar, mas expor o que podemos aprender com esses sucessos e fracassos. Esse tipo de análise pode gerar esperança, pois permite expor os problemas, porém, com o intuito de melhorar, aprender e crescer.

 

Uma Cultura de Parceria

 

O segundo maior desafio para tornar-se uma comunidade escolar madura é desenvolver uma verdadeira cultura de parceria e encontro. Uma escola é uma comunidade de crianças, professores, pais, equipe e mantenedores. Como esse reconhecimento pode encontrar forma e substância? A primeira exigência é que nós conscientemente reconheçamos essa parceria e a honremos. No cerne desta questão está a relação entre professores e crianças, equipe e pais. Os professores dão seu conhecimento, atenção e amor em relação à educação e à criança, a administração dá suporte à educação e faz com que ela seja possível na prática; os pais confiam seus filhos e, no caso das Escolas

Waldorf, dão os recursos financeiros para dar suporte à educação. Essa relação encontra expressão nos órgãos da vida da escola, no Corpo Docente, nas reuniões entre os professores e a equipe, na Associação de Pais, na Diretoria e nas aulas noturnas. A parceria poderia se tornar totalmente consciente em acordos sobre direitos e deveres? 

 

Cada família, como parte do seu contrato anual, poderia concordar com uma declaração de direitos e deveres que estaria além da questão financeira e disciplinar e que descreveria os níveis esperados de envolvimento nas aulas, nas reuniões de pais e na Associação de Pais e de participação em festivais, comitês e Diretoria. Ela descreveria os direitos e deveres dos professores em todas as decisões pessoais e pedagógicas, da Diretoria nas decisões financeiras e jurídicas e da Associação Escolar na sua tarefa de criar um fórum para debate de questões como cronograma escolar, custos escolares e assistência financeira, nos principais projetos de desenvolvimento e, talvez, em áreas

como procedimentos disciplinares e mediação de dificuldades. Da mesma forma, os professores assinariam um acordo anual descrevendo seus direitos e deveres. Uma parte importante desse tipo de acordo é descrever não apenas os deveres pedagógicos, mas concordar em participar de algumas reuniões, concordar com as tarefas do comitê e com uma avaliação anual ou um processo de revisão como parte de um contínuo processo de desenvolvimento e avaliação profissional. Há pouco tempo, eu vivenciei uma situação em que um membro do Corpo Docente se recusou a participar das reuniões de professores alegando que elas eram estressantes demais e também a dividir suas

dificuldades com os colegas. Sem poder contar com um contrato por escrito, seus colegas foram criticados como “arbitrários” e “punitivos” quando eles insistiram para que ela participasse. A liberdade para ensinar na sala de aula deve ser conscientemente equilibrada pelos direitos e deveres acordados com os colegas de profissão. Isso inclui ser claro em relação aos códigos de conduta entre os colegas e entre os professores e os alunos.

 

Os acordos sobre direitos e deveres entre professores/equipe e os pais podem ser complementados por acordos com as crianças do Ensino Médio [High School], nas áreas concernentes a código de vestimenta, uso de drogas e procedimentos disciplinares; a responsabilidade por monitorar esses acordos pode ser dada a um grupo misto de professores e alunos.

 

O lado mais íntimo do desafio da parceria é a questão de como incentivar verdadeiros encontros entre seres humanos. Isso é cada vez mais difícil em uma época em que nossa cultura em geral promove o egotismo e a fragmentação social. Como observa Rudolf Steiner repetidas vezes, estamos cada vez mais isolados uns dos outros como indivíduos, no entanto, ansiamos por uma comunidade.

 

Sua resposta a essa questão sobre a busca por um verdadeiro encontro é que necessitamos de novas estruturas sociais que nos ajudem a tomar consciência da nossa independência e que precisamos desenvolver um novo entendimento social prático que crie interesse entre as pessoas.

 

As comunidades da Escola Waldorf são novas estruturas sociais, mas elas exigem um alto nível de entendimento social e habilidade para funcionar eficazmente. Às vezes, eu acho que herdamos o legado das novas estruturas sociais, mas trazemos pouca consciência à arte da criação social, enquanto organizações convencionais possuem estruturas antiquadas, mas lutam bravamente com uma nova consciência social e habilidade para fazer essas velhas estruturas funcionarem. Liderança servil, facilitação de grupos e habilidades de comunicação, tomada de decisão por consenso, processos de mediação, trabalho em grupo e orientação de serviços são atitudes e habilidades que o

mundo mais convencional está adquirindo. Temos muito a aprender nesse sentido para que sejamos capazes de desenvolver uma arte social que possibilite a construção de comunidades sadias. Eu acredito que o ensino sistemático de habilidades de comunicação, facilitação em grupo, solução de conflitos e trabalho biográfico, bem como a arte de promover uma vida familiar sadia, é essencial se as Escolas Waldorf

desejam cumprir sua promessa de se tornarem sementes de uma nova sociedade. Os métodos e abordagens para aquisição dessas novas habilidades sociais estão ao alcance das nossas mãos, porém, precisamos vencer nossos preconceitos e ter força de vontade para aprender.

 

Escolas maduras podem conscientemente enfrentar esse desafio e, ao fazer isso, desenvolvem uma arte social espiritualmente inspirada que pode facilitar a experiência de comunidade. Compartilhar conscientemente os aspectos da biografia de uma pessoa, ter tanto uma pessoa responsável quanto um líder de processo que intervenha apenas em momentos de dificuldade e que preste assistência nas avaliações em grupo, praticar exercícios de escutar e parafrasear, ter momentos em que os professores compartilhem o que estão trabalhando e enfrentando na sala de aula, começar e terminar em um  momento de silêncio são todos métodos com os quais podemos trabalhar conscientemente. Eles ajudarão a trazer à tona mais vida e possibilitar um encontro mais profundo entre as pessoas.

 

Uma questão que está na base de como atingir um verdadeiro encontro diz respeito a como lidamos com nossas dificuldades e  discordâncias. Aprender a identificá-las é essencial para que os julgamentos e inverdades não ditas não bloqueiem nosso encontro.

Individualmente, podemos descrever nossos colegas, notar seus pontos fortes e fracos e lembrar de quando vivenciamos algo da sua individualidade. Essa atividade e intenção estão lindamente expressas nas reflexões de Rudolf Steiner sobre Lealdade:

 

“Crie para você mesmo uma nova e indomável percepção de lealdade. O que geralmente se denomina lealdade passa tão rapidamente. Deixe que isso seja sua lealdade:

Você vivenciará momentos – momentos fugidios – com a outra pessoa. O ser humano lhe parecerá, então, como se repleto, iluminado com o arquétipo de um espírito.

E, então, poderá haver – e de fato, haverá – outros momentos, longos períodos em que os seres humanos se tornam sombrios. Mas você aprenderá a dizer a si mesmo nesses momentos:“O Espírito me torna forte. Eu me lembro do arquétipo. Eu o vi uma vez. Nenhuma ilusão, nenhuma decepção poderá privar-me dele.”

Sempre lute pela imagem que você viu. Essa luta é a lealdade. Lutando, assim, pela lealdade, estaremos próximos uns dos outros, como que agraciados com a força protetora dos anjos.”

- Rudolf Steiner

 

Uma Cultura de Servir

 

A escola também é parte de uma comunidade maior, sua região local, e da comunidade das Escolas Waldorf.

Que responsabilidade e oportunidade a escola tem de prestar  serviços na sua comunidade local?

Seus festivais são/deveriam ser abertos aos grupos locais?

Ela pode abrir seus festivais a outras comunidades?

Existe oportunidade para atividades de engajamento cívico, educação de adultos, voluntariado local e prestação de serviços?

É bom que um professor seja membro do Rotary Club local ou voluntário do serviço de resgate?

A escola é membro da Associação Nacional de Escolas Independentes e da Associação das Escolas Waldorf da América do Norte (AWSNA)?

 

A Escola Waldorf madura pode também ajudar, aconselhar e prestar auxílio a novas Escolas Waldorf da região, ou amparar uma iniciativa pública inspirada na Educação Waldorf. Todas essas atividades de prestação de serviço dão vida e são parte do potencial para florescimento. Porque sem essa participação e doação, uma lassidão interior pode se alojar e fazer com que deixemos de reconhecer as muitas bênçãos que

nos são dadas. Sem o servir, uma cultura de crítica mútua, de fofoca e cinismo pode se desenvolver e se tornar a antítese da vida de uma comunidade sadia. 

 

Parte do processo de desenvolvimento de uma cultura de servir é encontrar novas formas de organizar o trabalho da comunidade escolar. A segunda fase do desenvolvimento da escola é caracterizada pela diferenciação e pelo profissionalismo gradual da administração e tomada de decisão. Os perigos dessa fase ao longo do tempo são uma gradual fragmentação e perda de direção, caracterizadas por longas reuniões,

muitos comitês e falhas na coordenação e comunicação. O que foi conduzido por todo o Corpo Docente e por muitos comitês pode agora ser simplificado, aperfeiçoado e delegado a poucos grupos. Se tiver sido dada atenção à renovação qualitativa da visão e missão da escola e ao reavivamento dos princípios da educação Waldorf e a um novo entendimento de parceria mútua, então, a escola pode partir para os princípios de federação, de criar um número menor de grupos responsáveis com autonomia e responsabilidade substancial. A Toronto Waldorf School e a Pine Hill Waldorf School (NH) trabalharam por algum tempo neste modo de organizar os trabalhos das suas escolas. No caso da escola de Toronto, todo o Corpo Docente é o grupo ao qual os outros grupos reportam seus problemas e decisões. No caso da escola de Pine Hill, o Grupo de Professores é o órgão principal de tomada de decisão ou, para assuntos financeiros, o Conselho de Administração. Se anteriormente a escola poderia ter tido até dez comitês de professores e quatro ou cinco comitês da Diretoria, agora a escola pode

ter apenas quatro ou cinco grupos de professores com poder para tomar decisões em nome de todos e um ou dois grupos da Diretoria. Uma típica estrutura de comissões para uma Escola Waldorf pode como a seguir:

 

Diretoria

 

Comissão Pedagógica

(cujo presidente é membro do Grupo de Professores)

Áreas de responsabilidade:

- Currículo

- Contratação

- Desenvolvimento de professores

- Festivais

 

Grupo de Professores ou Corpo Docente como Órgão Mandante

 

Comissão Administrativa

- Presidente do Corpo Docente

- Presidente do Grupo de Professores

- Administrador

- Gerente Administrativo

Áreas de responsabilidade:

- Comunicação

- Coordenação das Comissões

- Decisões do dia-a-dia

 

Comissão para Desenvolvimento Comunitário

Áreas de responsabilidade:

- Relações entre Pais e Professores

- Mediação

- Matrículas

- Publicidade

- Eventos Comunitários

- Fórum Escolar

 

Comissão de Finanças e Desenvolvimento

Áreas de responsabilidade

- Orçamento escolar

- Desenvolvimento

- Projetos de capital

- Custos da escola

 

Associação de Pais ou de Toda a Escola

- Diálogo

- Apoio

- Fóruns

- Ações comunitárias

- Educação de adultos

 

Ao se criar uma organização composta por comissões, é essencial ter um órgão mandante, que pode ser todo o Corpo Docente ou o Grupo de Professores ou a Diretoria. As áreas delegadas precisam ser claramente definidas e, posteriormente, as três ou cinco melhores pessoas escolhidas para desempenhar as tarefas. Aqui as questões deverão ser que tipo de combinação de pessoas pode ser melhor para se

responsabilizar por determinada área de trabalho em nome de todos. Elas precisam ter a confiança dos professores e da Diretoria e deixar claro o tempo de mandato e as políticas que governam sua área de trabalho. A Comissão Pedagógica ou grupo responsável só pode entrevistar potenciais candidatos para os cargos de professor se souber quais qualidades estão sendo procuradas nos professores; o nível de experiência e treinamento e a orientação espiritual. Essas questões abrangem política e valores que o Grupo de Professores precisa decidir de antemão. Outra área que precisa estar clara diz respeito a quais decisões o grupo responsável pode ou não tomar em nome de todos.

Um aspecto crítico de uma organização composta por comissões é a facilitação e coordenação de trabalho. Isso pode ser mais bem realizado por uma comissão coordenadora que poderia consistir do Presidente do Corpo Docente, Presidente do Grupo de Professores, pessoas-chave da administração, talvez o Gerente Administrativo, o Administrador e/ou responsável pelo Desenvolvimento. As formas particulares de uma estrutura federada composta por comissões variam de escola para escola, mas o princípio da delegação da tomada de decisão a grupos menores com base nos princípios da competência e eficácia é fundamental, de forma que o Grupo de Professores, a Diretoria e o Corpo Docente tenham liberdade para pôr em prática sua estrutura política e pedagógica.

 

Outra tarefa ligada às estruturas da escola na fase madura do seu desenvolvimento é a de penetrar na estrutura social e organizacional da escola com os pensamentos e ideais da ciência espiritual. Muitas das Escolas Waldorf já trabalham com alguns desses ideais, por exemplo, nas suas estruturas participativas de tomada de decisão. Outros passos envolveriam um trabalho mais intenso com a lei social fundamental de Rudolf Steinerde encontrar uma nova relação tanto para os salários quanto para a receita escolar, ou de tomar decisões conscientes por consenso. Muitas escolas estão se afastando dos salários com base nas necessidades, pois isso exige demais, enquanto outras buscam soluções convencionais para os problemas financeiros e sociais. Um estudo aprofundado do conteúdo social da Antroposofia pelo Corpo Docente e Diretoria, bem como um compartilhamento mais intenso das práticas inovadoras de outras Escolas Waldorf, podem tornar-se uma inspiração para trabalhar com os três princípios de novas maneiras. Eu acredito que é só na verdadeira maturidade e, geralmente, após os quarenta que as pessoas podem se dedicar totalmente aos outros. Da mesma forma, é na maturidade, quando há um novo comprometimento com os ideais espirituais, pedagógicos e sociais, que as Escolas Waldorf podem se tornar locais onde as pessoas e as famílias podem

encontrar o acalento humano, educacional e espiritual tão necessários nos dias atuais. 

 

Um Final Consciente

 

Se o estágio inicial pode ser comparado à infância, a fase de diferenciação ao início e meio da fase adulta, e a fase de integração à maturidade plena, o que pode se dizer sobre a morte de uma iniciativa? Uma resposta conveniente é dizer que as escolas morrem

quando definham e não são mais necessárias. Porém, eu acho que muitas instituições não apenas se tornaram velhas, mas também esclerosadas, dispondo de recursos substanciais, porém, não mais atendendo de fato às necessidades humanas. Se o que se

busca é a metáfora humana, então talvez as instituições devessem viver apenas por três gerações ou noventa anos, se elas realmente atenderem às necessidades do seu tempo. O que aconteceria com a criatividade cultural, social e econômica se as instituições com

mais de noventa anos, como a Harvard, a General Motors ou a Igreja Católica, voltassem seus recursos para novos grupos que anseiam responder a necessidades similares de novas formas? Que revolução pacífica, contínua e criativa a sociedade vivenciaria! Para isso acontecer, todas as instituições, inclusive as Escolas Waldorf, teriam que passar por um processo de morte consciente para permitir uma nova

ressurreição. É um pensamento intrigante, se não uma realidade atual que encontra resistências similares ao nosso próprio medo da morte.

 

A Imagem do Desenvolvimento

 

O que foi apresentado é um esboço dos padrões de desenvolvimento na vida de uma escola.

Freqüentemente, me perguntam, “Pode-se pular um estágio?” A resposta é não. 

 

As organizações têm um ciclo de vida que vai do mais simples para o mais complexo, de um princípio organizacional central para outro. Isso significa que o verdadeiro desenvolvimento é um processo descontínuo e irreversível ao longo do tempo, que vai de um estágio de crescimento, passa pela diferenciação e chega a um estágio mais avançado de integração, vivenciando momentos de crise que geram o ímpeto para o desenvolvimento. Esse padrão é, na minha opinião, verdadeiro para todas as formas de vida, para o ser humano e para as escolas e outras organizações. 

 

Entretanto, as iniciativas podem passar por essas fases mais ou menos rapidamente. Uma escola que começa com seis séries e um jardim de infância enfrentará as questões de diferenciação muito mais cedo do que outra que comece com apenas uma série, acrescentando uma série a cada ano. Além disso, é bem comum que as organizações tenham diferentes segmentos da instituição em diferentes estágios de  desenvolvimento.

 

Um jardim de infância e outras séries podem ter entrado na fase de diferenciação, enquanto o ensino médio (high school) recém-implantado na escola estará no seu período inicial da infância, conseqüentemente, as duas partes da escola irão sentir e funcionar de formas diferentes. Isso definitivamente precisa ser considerado pelas muitas Escolas Waldorf que estão desenvolvendo agora o ensino médio (high school)

após 20 ou 25 anos de existência. 

 

Ao apresentar essa descrição do desenvolvimento da escola, uma série de imagens complementares foram aludidas. Estas podem ser resumidas da seguinte maneira:

 

Fase Inicial

Infância

(Intuitiva)

 

Ego e Corpo Físico

 

Transição

 

Fase Administrativa

Fase Adulta

(Racional)

Corpo Anímico

 

Transição

 

Fase Madura

Maturidade

(Consciência)

Corpo Existencial

 

Final Consciente

Velhice

(Consciência espiritual)

Corpo Físico

 

 

A imagem do nascimento, infância, fase adulta e maturidade é uma metáfora bem clara. As qualidades intuitivo, racional e consciente referem-se às maneiras características de abordar o mundo e tomar decisões nas diferentes fases da vida da iniciativa. Outra

maneira de enxergar este processo de desenvolvimento é perceber que o diálogo com o espírito (identidade), o diálogo com as pessoas (relações) e o diálogo com a terra (recursos) precisam se tornar ainda mais conscientes na vida da escola para evitar que as forças da decadência e desintegração passem a dominar no decorrer do tempo.

 

Esta descrição do desenvolvimento da Escola Waldorf é geral e incompleta. Como todas as descrições do tipo ideal, ela não faz justiça à rica textura da vida das Escolas Waldorf de Austin, Minneapolis, Chapel Hill ou Lexington. O objetivo desta descrição é antes apresentar um panorama de possibilidades, indicando caminhos a serem seguidos e armadilhas a serem evitadas para que possamos nos tornar co-criadores mais conscientes das nossas comunidades escolares.

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